FOI BONITA A FESTA, PÁ!
Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e membro da Associação Juízes para a Democracia.

Não imaginava nunca merecer receber tanta solidariedade! No dia 11 de junho, véspera do dia dos namorados, recebi na porta do Tribunal de Justiça o maior carinho dos movimentos sociais que defendem os direitos humanos no Rio de Janeiro. Numa reunião ordeira e respeitosa estiveram presentes políticos, lideres comunitários, associações que trabalham na garantia dos direitos de crianças e adolescentes, OAB e pessoas do povo que defenderam a causa da cidadania dos mais vulneráveis. Foi um ato social e politico em defesa da vida e dos direitos fundamentais. Um abraço à Justiça e à democracia.
A Policia Militar foi acionada pelos que têm medo. O ditado popular diz “quem não deve não teme”, a contrario senso só tem medo quem deve. Foi bonito ver os policiais do BOPE, gente como a gente, aderir e abraçar o abraçaço. Depois encontrar os meninos de rua do Rio, assistidos pela AMAR, te cercar na rua e cantar: “Levanta Siro Darlan/ Coragem força e fé/ Exemplo de vitória/É o que você é!”. Isso não tem preço. Eu só tenho agradecimentos por tanto carinho recebido não apenas dos amigos solidários, mas também agradeço àqueles que com seu gesto de intolerância me proporcionou esse momento lindo.
Quem ganhou e quem perdeu com isso? Não creio que ninguém tenha saído vitorioso com gestos mesquinhos, mas os que perderam foram as crianças que continuarão habitando as inadequadas casas de acolhimento, os adolescentes em conflito com a lei que permanecerão escondidos nas casa de tortura do Estado e cuja visibilidade só ocorrera quando estampados nas páginas dos jornais exibidos como troféus de políticos incapazes de gestar políticas publicas eficientes que sejam capaz de respeitar os direitos de pessoas em desenvolvimento.
Assim como Salazar foi derrubado com uma Revolução feita com flores. O abraço dado ao Tribunal pela Justiça e pela democracia também tem seu simbolismo filosófico. Espera-se a volta de Dom Sebastião, que entrou na história como um democrata liberal e ao vestir o traje do poder transfigurou-se no Plinio Salgado, que empunhando o feixe fascista, cujos símbolos encontram-se eternizados na Assembleia Legislativa, significando a preponderância de um homem sobre os demais, de uma raça sobrepondo-se às outras e a uniformidade do sentido de todas as ações do tirano, que não admite divergências. Anauê!