Gepeto e Pinóquio.

siro (1)Siro Darlan. Desembargador do Tribunal de Justiça e Conselheiro do Flamengo

                               Há três anos Gepeto resolveu ser candidato à Presidência do Flamengo, empresário do sistema financeiro, muito bem sucedido, alimentado e educado nos moldes de um sistema onde a liberdade era restrita, vislumbrou a possibilidade, de associado a um grupo acostumado a ganhar no mercado de capital, apostar suas fichas em uma das marcas mais cobiçada do Brasil, o Flamengo. Foi impugnado por não apresentar ficha limpa e não preencher os requisitos legais de tempo de casa.

      1                         Não teve dúvida. Para realizar seu cobiçado sonho construiu um boneco, colocou uma Bandeira em sua mão e lhe deu vida e nome: Pinóquio, e resolveu apostar suas fichas numa marionete. Ledo engado. Ao lhe dar vida própria e o poder, Pinóquio encheu-se de amor ao poder e para isso se utilizou da máquina enferrujada que há muito vive costeando o poder e prometeu-lhes não cobrar explicações sobre inexplicáveis transações. Elegeu-se com um vice com integridade moral a quem desprezou não lhe permitindo sequer uma sala de trabalho. Elegeu um Presidente do Conselho Diretor, e não conseguindo subjugá-lo pressionou sua saída usando para tanto sua milícia azul.

                               Conforme é de sua tradição massacrou a oposição expulsando e exilando os líderes da oposição com julgamentos opressores e ilegais, eis que os juízes nunca eram isentos e sim comprometidos com a marcha dos azuis, alguns inclusive de sua diretoria. Assim foram exilados Leonardo, Paulo Cesar Ferreira, Gonçalo Veronese e outros que o incomodavam. Donos do poder absoluto mudaram o Estatuto do Clube e infiltraram nos Conselhos seus asseclas organizados como milícias. Acabou a democracia rubro negra, e todos inclusive os mais tradicionais quadros permaneceram calados com esse domínio.

                               As finanças, linha de frente de seu programa, com a ajuda da mídia cooptada, parece ser um sucesso. A troca de seis por meia dúzia induziu muitos ao engano da solução de trocar a dívida pública pela privada. O clube tem hoje todo seu patrimônio comprometido, a dívida dobrada e as receitas comprometidas até o ano 2020. As compras de jogadores pelos amadores do futebol trouxeram inúmeros e inexplicáveis prejuízos financeiros, sendo o maior deles a doação do artilheiro Hernani aos árabes sem que o clube reembolsasse uma moeda. Os demais esportes foram extintos enterrando a tradição do remo, dos esportes olímpicos e da natação que foram sepultados impunemente.

                               O manto rubro negro foi vítima do sacrilégio de ter sido pintado de azul e mesmo seus mais radicais defensores calaram-se diante desse pecado capital. Hoje o clube já descaracterizado com os azuis no comando. Anuncia-se uma nova eleição e Gepeto cobra de sua criatura o compromisso de ser o seu sucessor. Picado pela mosca Azul, Pinóquio se rebela contra seu criador e nega o cumprimento do compromisso. Arma-se com seu exército azul e parte para a guerra.

                               Você votaria numa criatura que traiu seu Criador? Traiu seu vice-presidente, o Presidente do Conselho Deliberativo, seu aliado, e tantos outros companheiros? Você votaria num Criador que foi traído pela criatura que criou para ser sua marionete, dando-lhe vida própria, com tanta ingenuidade? Ou a traição foi justamente pelo amplo conhecimento que tem de seu Criador?

                                               Rubro Negro de verdade a hora é essa. Temos que unir a Nação. Para tanto é preciso União. Não pode haver uma oposição dividida como estão os duzentos tons de azul. Temos que ter uma proposta de fortalecimento do clube, com a volta de todos os esportes tradicionais, a anistia ampla geral e irrestrita a todos os que foram punidos e calados pelo autoritarismo e arbítrio. Somos uma só família e podemos divergir e criticar-nos no livre exercício do direito à liberdade de expressão do pensamento sem ser punidos ou excluídos. Temos que exigir o respeito a todos aqueles que dirigiram o Flamengo, ainda que tenham cometido erros ou acertos. Todos serviram ao Clube durante um período importante de suas vidas e lhes devemos gratidão e respeito. O Flamengo não começou em 2013.

                                               Precisamos de União em torno de um nome capaz de unir o clube para vencer essa eleição e resgatar as tradições rubro negras que não comporta outras cores. Precisamos achar esse nome de consenso para não partirmos divididos. Será o Cacau Cotta, que tantos e relevantes serviços têm prestado ao Flamengo? Será o Jorge Rodrigues que independente dos cargos que ocupou ou não é um Grande Benemérito do Flamengo? Precisa ser uma pessoa que queira servir ao Flamengo sem dele servir-se. Que dê tudo pelo Flamengo, sem nada querer do clube. Mas, sobretudo que não nos divida, mas nos una para que fortalecidos resgatemos os valores do nosso amado Flamengo.