Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça e membro da Associação Juízes para a democracia.
Participei da Audiência Pública promovida pelos deputados Carlos Minc e Martha Rocha para debater sua proposta de lei sobre os procedimentos que devem ser adotados pelas autoridades em decorrência de óbitos decorrentes de operações policiais, os chamados “autos de resistência”. Foi um momento muito rico de debates num clima de alto nível de respeito mútuo, onde todos procuraram as melhores formas de bem servir à população.
A unanimidade no sentido de que providências deverão ser adotadas para transformar em lei esse projeto contou com as contribuições das diversas instituições e organizações presentes. Porém me causou perplexidade os dados trazidos pelo excelente profissional da policia militar, seus relações públicas, o Coronel Íbis que informou que em 2014 morreram mais brasileiros que soldados americanos em vinte anos de guerra no Vietnã; que a cada 10 minutos há um assassinato no Brasil e dessas mortes a cada 3 horas um brasileiro é vítima de morte por policiais, sendo 10% desses óbitos de adolescentes.
Segundo os dados apresentados ocorreram 416 mortes por autos de resistência em 2013, contra 584 em 2014 e já em setembro de 2015 foram computados 517 óbitos por armas de policiais. Em contrapartida em 2014 morreram 398 policiais em serviço e a policia militar prendeu 25470 pessoas no mesmo ano. Entre 2007 e 2014 foram apreendidas 70 mil armas e já em 2015 foram apreendidos 237 fuzis novos ainda nas caixas.
Embora tenham sido convidados oficialmente não compareceu nenhum magistrado da atual administração do Tribunal de Justiça. Parece que a atual administração tão ciosa na distribuição de mimos aos servidores está alheia ao que acontece na sociedade. Mas o quadro é de guerra civil declarada e sem causas.
O governador Pezão chama de “guerra pelo tráfico”, mas seja lá que nome tenha, essa guerra precisa acabar.
Não com a hipocrisia de chamar de comunidade pacificada sob a autoridade do fuzil dos policiais, isso é guerra contra a população com o resultado mortes de ambos os lados. Se queremos a paz verdadeira a invasão deve ser com professores, enfermeiros, médicos, assistentes sociais e psicólogos.
A guerra que tantas mortes têm produzido precisa ser substituída por uma milícia de justiça social que esteja disposta a plantar a paz e restabelecer a cidadania plena de todos os brasileiros mais vulneráveis.
R.J., 19/10/2015.
Comentário sobre a matéria acima, deixa-nos, perporcos, estarrecidos e preocupados com os DEScaminhos com que as autoridades enquadram e ti
pificam um caos , onde essas estatísticas vem sobremaneira, demonstrar essa nossa difícil realidade , manchando o nosso país de sangue.
As ORGANIZAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS, EM CONJUNTO COM ORGANISMOS INTERNACIONAIS, DEVERIAM SENTAR TAMBÉM PARA DAR SUA CONTRIBUIÇÃO neste assunto tão importante, pois ao contrário do Brasil, as guerras entre os povos islâmicos, muçulmanos e sírios, vem sobretudo despertando-nos uma profunda preocupação como que está sendo banalizado a existência humana.
É muito estarrecedor que a maioria esteja como que se adaptando a este quadro de violência generalizada a que vem abruptamente crescendo e dominando toda uma nação.
Talvez esses pontos de contatos possam estar todos tecelados e tentando reeditar um novo olhar MAIS HUMANO E RESPONSÁVEL NÃO SOMENTE POR TODAS ESSAS BIZARRAS SITUAÇÕES ACONTECIDAS NO RIO, MAS SOBRETUDO, O ENVOLVIMENTO DAS AUTORIDADES CADA VEZ MAIS ESCASSA.
É preocupante a frieza como está dominando.
Mas ainda podemos construir um mundo melhor, com nossos exemplos de cidadania e de responsabilidade com a vida humana, que se esvai , não pelo canhão, mas pelo cano de um instrumento de matar.
Obrigada, bom dia.
Sheila
Psicóloga
OBS.: na primeira linha, disparou um selecionador automático, e saiu erroneamente a palavra perporcos, quando escrevi PERPLEXOS.
Muito obrigado por seu comentários