siro (1)Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e Membro da Associação Juízes para a Democracia.

Indiscutível que a Vale é uma grande empresa nacional e que emprega muitos trabalhadores e com seu negócio traz o desenvolvimento para o Brasil. Contudo, diante do grau de degradação e poluição que causa o seu negócio, deveria ressarcir a sociedade com muito mais em contrapartida.

Quantos brasileiros são obrigados a abandonar suas terras de origem para viver nas grandes cidades em razão dos negócios da Vale? Quantos passam a serem vítimas da violência em razão dessa migração? Quantas crianças e adolescentes tem seus direitos fundamentais desrespeitados diante dessa grande concentração de pessoas onde não há políticas públicas necessárias.

A Vale e seus parceiros são responsáveis pelo maior desastre ambiental da história. Destruíram vidas e possibilidade de vida, deixando morto o rio que lhe batizou.

Matou o meio ambiente, os peixes que alimentavam a população ribeirinha, destruiu a água que saciava a sede das pessoas. Os valores das multas aplicadas são risíveis diante da lucratividade da empresa se comparada com os danos que causa ao meio ambiente.

A sede da Vale é no Rio de Janeiro e não me consta que a Vale tenha contribuído com um único centavo para o Fundo da Criança e do Adolescente.

E isso não lhe custaria nada, já que pode aplicar um por cento de seu imposto de renda devido no financiamento de políticas públicas em prol das crianças e adolescentes do município que a acolheu.

Talvez uma parcela desse investimento servisse para curar milhares de crianças vítimas das drogas, da violência doméstica, do abuso sexual, mas, sobretudo do analfabetismo crônico que vitimiza todos os jovens em idade escolar no Rio de Janeiro.

Evidente que essa “esmola” não lhe retira a responsabilidade pelos danos que causa a humanidade com suas atividades poluentes e destruidoras da vida no planeta.

Porém ao menos reduziria com um investimento maciço nas crianças e adolescentes a violência que sofrem e sofrerão ainda mais nossos filhos e netos quando, em razão dessa atividade capitalista lhe faltar água, ar e meio ambiente que lhe permita sobreviver à destruição que a Vale do extinto Rio Doce tem patrocinado.