É Primavera…
Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e Membro da Associação Juízes para a Democracia.
A Primavera, a estação do ano conhecida pelo renascimento da vida através do brotar das flores passou a ser sinônimo de liberdade, de novos tempos, de esperança. Depois da já remota Primavera de Praga, quando os soviéticos deixaram a capital da República Tcheca, muitas outras primaveras brotaram como a mais recente Primavera Árabe e a, também chamada por alguns, Primavera da Rocinha.
Esta última é apenas uma jogada de marketing, porque se em alguns lugares a primavera pode ter chegado ao som dos tanques e fuzis, na Rocinha a verdadeira primavera só ocorrerá quando forem implantadas as políticas públicas de saúde, educação, esporte, cultura, lazer e a população merecer dos plantadores públicos a atenção administrativa a que tem direito.
Então veremos brotar os jardins da dignidade e da cidadania que há tantos anos os moradores da Rocinha aguardam a cada renovação de palanques eleitoreiros. Mas como na Primavera renovam-se as esperanças aguardemos que após a invasão bélica venha o verdadeiro Estado de justiça plantando a paz através de sua presença construtiva e humana.
Quando finda mais uma Primavera, outras poderiam chegar para nosso povo, como a primavera onde brotassem apenas políticos comprometidos com a causa pública, que não se apoderassem do público tão facilmente como se fosse seu, honrassem seus mandatos colocando-os a serviço dos eleitores que confiaram em suas palavras e que não fossem mais conhecidos pelos atos de lesa pátria costumeiramente cometidos.
Outra primavera muito bem vinda seria a Primavera do Judiciário, que necessita se modernizar, deixando de lado seus arcaicos modelos de administração, e buscar a democratização na escolha de seus mandatários estendendo o eleitorado aos juízes de primeiro grau, os verdadeiros plantadores da Justiça, além de permitir o acesso de todos à elaboração do orçamento participativo, onde as prioridades seriam deliberadas a benefício do bem comum.