Natália, uma criança feliz.

 

Natália nasceu no dia de Natal, aos 25/12/1999, de origem totalmente desconhecida, tendo sido encontrada na rua da Passagem em Botafogo por um catador de latas e conduzida ao Hospital Municipal Rocha Maia por um guarda municipal.

 

No hospital, a guarda municipal entrou em contato telefônico com a Delegacia local, que efetuou diligências a fim apurar se no local onde foi encontrada a criança havia testemunha presencial do fato.

 

Da mesma forma, a pediatra que a atendeu a criança no hospital também tentou em vão descobrir se alguma paciente havia dado entrada com características pós-parto nos hospitais Miguel Couto e Souza Aguiar.

 

Os motivos pelos quais levaram a genitora a desencadear tal ato, “jogando fora” seu filho recém-nascido, não foram possíveis de ser averiguado, haja vista que não se sabe até hoje quem gerou esta criança.

 

A sorte da vida da Natalia foi ter sido logo encontrada no meio da rua por um catador de latas, pois se assim não fosse, seu destino fatalmente poderia ter sido outro.

 

Paralelamente aos fatos narrados, o casal A. e L., que já haviam adotados uma criança, manifestaram o desejo de aumentar a família, habilitando-se, assim, para a adoção de mais uma criança.

 

O casal passou por todos os procedimentos de praxe do juizado e no dia 03/08/1999 foram declarados pelo Juizado da Infância e da Adolescência aptos à adoção.

 

Num belo dia, após ter a criança ser indicada judicialmente para a adoção, o casal recebeu uma ligação do Serviço Social do Juizado da Infância e da Juventude narrando todo o episódio da Natalia, tendo os dois imediatamente se dirigido ao Hospital para conhecê-la, tendo ocorrido imediata aceitação.

 

Desde o primeiro encontro, ainda sem saber o que realmente aconteceria, o casal teve a certeza que ficariam com ela, visitando-a todos os dias nos quais Natalia permaneceu internada, dando-lhe todo o carinho e afeto necessários.

 

O casal não conseguia desgrudar da criança, vendo naquela criança a realização de um sonho: uma família com 02 filhas e muito feliz.

 

Natalia, aos 28/12/1999, 03 dias após ser encontrada na rua e encaminhada para o hospital, recebeu alta médica e foi entregue por autorização judicial ao casal A. e L.

 

Nessa ocasião, a guarda provisória foi concedida ao casal pelo juízo pelo prazo de 90 dias, obrigando-se os mesmos a cumprir com todos os deveres inerentes ao cargo, prestando assistência material, moral e educacional à criança, conferindo, ainda, ao casal o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais, caso apareçam.

 

O pedido de adoção foi feito pelo casal, já devidamente habilitados, aos 28/12/1999, no mesmo dia em que receberam com muito amor a criança por meio da guarda provisória.

 

Na residência do casal, a alegria era contagiante.

 

A., ator, de 39 anos e L., pesquisadora, de 41 anos, mantinham união estável há 17 anos, tendo o casal anteriormente adotado uma criança ainda recém-nascida, que na época do nascimento da Natalia já tinha 04 anos de idade.

A chegada da criança encheu de felicidade o seio familiar, sendo a infanta muito bem acolhida por todo o núcleo parental e tendo o casal se desdobrado nos cuidados da casa e das crianças.

 

O estudo social do caso foi feito 02 meses após a entrega ao casal da criança, manifestando-se a equipe multidisciplinar do Juizado da Infância e da Juventude favoravelmente à adoção pelo casal.

 

O relatório foi enfático ao afirmar que o casal denotava relacionamento harmonioso, motivação, disponibilidade para assumir as responsabilidades e situação econômica capaz de atender às demandas das 02 crianças presentes no lar.

 

Natalia encontrava-se plenamente adaptada ao seu lar e à sua família, sendo assistida por todos com muito amor.

 

A sentença de adoção foi prolatada aos 07/07/2000, um pouco mais de 06 meses após Natália ter sido encontrada por um catador de latas.

 

Aos 03/08/2000 foi procedido o registro do nascimento da criança Natalia, constando na certidão o nome da sua família, dos seus avós paternos e maternos.

 

Atualmente, Natalia vive feliz, sem marcas do passado, com fortes laços afetivos com seus pais adotivos, irmã, avós e primos, parecendo-se fisicamente, inclusive, com os pais.