Patricia é só uma doce lembrança de Justiça.
Des. Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e Membro da Associação Juízes para a Democracia.

Faz um ano tombava em plena arena de seu incansável trabalho de combate à violência, o arbítrio e os violentos a brava e corajosa Juíza Patricia Acioly. A solidão do trabalho dos juízes da primeira instância contrastava com sua presença sempre com um sorriso nos lábios atendendo a todos que a procuravam.
Sua simpatia e vontade de viver era uma marca registrada de quem lutava contra os poderosos e exigia respeito ao incansável trabalho dos magistrados. Pediu e exigiu a segurança que lhe foi negada diante da evidência de que o seu trabalho contrariava interesses poderosos de agentes da criminalidade, mormente a marginalidade oficial, que age em nome do Estado para a prática de crimes, com o apoio de agentes da administração pública.
Não foi ouvida, senão após os tiros que lhes tiraram de nosso convívio. Recentemente um grupo de mais de 200 magistrados pleitearam à Administração de Tribunal a que serviu e pelo qual foi sacrificada, uma justa homenagem que seria outorgar ao prédio que hospeda o Tribunal Pleno o seu honrado nome. A resposta repetiu o descaso que marcou sua morte e os magistrados ficaram sem uma resposta à altura da homenageada, pois lhe deram um “prêmio de consolação” destinando a um Fórum Regional o nome de Patrícia Acioly.
Fica, portanto, com a nossa saudade, o desejo de ver reconhecido o seu sacrifício, como o fez a Presidência da Republica ao lhe outorgar o Prêmio “post-mortem” de Direitos Humanos, e nós, seus colegas e admiradores não deixaremos quer esqueçam o seu trabalho, o seu exemplo destemido de serviço à Justiça e a sua morte solitária diante de covardes algozes, não apenas aqueles que atiraram contra você, mas também aqueles que impunemente te entregaram aos criminosos negando a necessária segurança.