“ADOÇÃO” PROFISSIONAL.
Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e Membro da Associação juízes para a democracia.

Há cerca de 25 mil adolescentes abrigados em instituições de acolhimentos no Brasil. Parece negligência com nosso jovens, e é. Esses cidadãos são privados da liberdade pelo simples fato de terem sido abandonados por seus familiares e com o pretexto de protegê-los. O sistema de adoções, ainda muito burocrático e discriminatório não funciona para garantir o direito à convivência familiar e comunitária.
Em razão da falta de políticas públicas eficazes são condenados ao ostracismo comunitário, tornando-se dependentes dessa modalidade de privação de liberdade. Reforçando esse apartheid social algumas Prefeituras, como a do Rio, investem na exclusão ao invés de políticas de tratamento e inclusão.
Por outro lado, a generosidade e criatividade de nosso povo têm apresentado diversas modalidades de colaborações para melhorar nossa convivência social. Assim, tem-se a adoção de animais por empresas, a adoção de árvores e parques e outras modalidades de amparo aos necessitados, fruto da responsabilidade social que a todos obriga.
Está na hora de se usar a responsabilidade social das empresas para que adotem os jovens entre 16 e 18 anos entre seus funcionários, “oferecendo a vara de pescar ao invés do peixe”, através de uma modalidade de aprendizagem para o trabalho, o que a lei já os obriga, porém priorizando os jovens abrigados, para que quando forem “despejados” de seus abrigos-lares possam ter autonomia financeira e conhecimento profissional para sobreviverem, sem a dependência gerada pelo abrigamento oficial.
Dizem os especialistas que essa institucionalização tem causado dependências e um prejuízo para o desenvolvimento das crianças e adolescentes que vivem essa experiência, e, muitas vezes é essa dependência que os leva a buscar outra instituição reclusiva, que no caso é o sistema penitenciário.