Uma lágrima nordestina pelo Rio.
Silenciaram a voz negra que se tornava branca e cristalina no seu grito de paz. Silenciaram a esperança dos oprimidos que se tornavam forte por sua força.
Silenciaram o grito de guerra dos que em vida vivem uma vida sem sonhos, jogados nos mocambos da periferia, onde a melodia maior é o choro da fome.
Silenciaram a luta contra a descriminação, a luta contra as injustiças, a lágrima de cada dia que desce do morro perdido, sem mãos de apoio.
Silenciaram na forma mais vil do calar que é matando as sementes que germinavam por palavras as esperanças dos perdidos.
Silenciaram a alegria das favelas, dos menores abandonados, dos que vivem a pressão do viver nas mãos dos que viciam e matam.
Silenciaram o sossego com tristeza, ausência com lágrimas, porque mais que tudo isso haverá sempre uma bala perdida, e ninguém para responder. Rafael Holanda.