POR LUIS NASSIF

Repito para o juiz Siro Darlan o que disse sobre Garotinho: não os conheço o suficiente para garantir que são inocentes; mas há evidências gigantescas de que sofrem perseguição.

Hoje de manhã a Polícia Federal invadiu casa e escritório de Siro. A alegação, segundo O Globo – que move contra ele campanha implacável – é que um presidiário ouviu de outro presidiário que pagou a um intermediário de Siro R$ 50 mil por um habeas corpus.

Pode ser que sim, pode ser que não. O Judiciário está pleno de “intermediários” cobrando taxa de sucesso para determinadas sentenças. Em qualquer sentença, há duas possibilidades: ou o juíz concede, ou nega. Siro é um garantista, isto é, um juiz com tendência a absolver. Não seria improvável que despertasse espertalhões “vendendo” sentenças óbvias.

Não fica nisso. Além de garantista, Siro se tornou um dos principais críticos dos privilégios dos tribunais cariocas, uma estrutura de poder polêmica e estreitamente ligada às Organizações Globo. Além disso, como garantista, tomou decisões contrárias à Lava Jato carioca.

Recentemente, Luiz Zveiter, o polêmico desembargador fluminense, foi alvo de uma representação no Conselho Nacional de Justiça por suspeita de superfaturamento em obras do tribunal. Não se sabe de nenhuma operação da PF contra ele. Já Siro foi alvo com base na declaração de um presidiário que ouviu de outro presidiário que pagou R$ 50 mil a alguém que se disse intermediário de Siro.

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Sabendo-se o que se sabe hoje sobre os abusos das delações, não há como ficar com os dois pés atrás em relação a essa operação da PM. Pode ser que Darlan seja culpado. Pode ser que seja inocente. Sendo inocente, quem irá reparar os dados fundamentais à sua imagem e às suas prerrogativas de desembargador?