OS JUÍZES ERAM AS VÍTIMAS.

                                      SIRO DARLAN – Desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e membro da Associação Juízes para a Democracia.

                                               O jornalista Chico Otávio escreveu recentemente que havia sido vítima de um crime cibernético por ter um funcionário terceirizado do Tribunal de Justiça enviado e-mails fraudulentos envolvendo o seu nome para 180 magistrados.

                                               Noticia que tomou conhecimento através de uma fonte que havia recebido o tal e mail, donde se conclui que a fonte era um desembargador. Aqui começa nossa preocupação interna. Temos uma fonte jornalística em nosso meio que passa informações internas para a mídia, e, trata-se de uma fonte altamente técnica porque profundo conhecedor do estilo do jornalista em questão a ponto de antecipar que: “Sei que isso não é seu. É armação.”

                                               Em seguida o repórter demonstra perplexidade porque apenas um dos 180 desembargadores que teriam recebido o tal e-mail se manifestara sobre a falsa mensagem. Quero esclarecer que não recebi tal mensagem e desconheço o seu conteúdo. Mas ainda que tivesse recebido o que pretendia o jornalista que fizesse?

                                               Indaga o articulista quantos teriam fornecido dados para uma reportagem que nunca existiu. Fiquei muito curioso sobre que dados seriam esses imaginados pelo Chico Otávio. Ora a reportagem que nunca existiu nos enche de curiosidade e daria uma bela reportagem. Acredito que não deva haver segredos impublicáveis entre nós, sobretudo quando temos uma fonte tão especializada que fornece informações á mídia com tanta precisão.

                                               Concordo com o repórter que isso tudo é muito grave, sobretudo quando o que se espera de um poder público é, no mínimo que haja total transparência e probidade nos atos aqui realizados. Afinal não se trata de uma repartiçãozinha qualquer, mas do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o primeiro no Brasil a estar totalmente informatizado, e, portanto modernizado graças ao seu milionário Fundo e a excelentes administrações.

                                               Por tudo isso, concluo que as vítimas fomos nós magistrados que primamos pelo trabalho sério e dedicado e nos vimos envolvidos com atos ilícitos sem sequer conhecer o conteúdo dos instrumentos utilizados para o crime. Portanto mesmo sem exame da materialidade, mais uma vez fomos vítimas de manipulações de poder que nos expõe á sociedade como uma Casa de fuxicos e segredos. Resta agora revelar ao público a verdadeira autoria do crime.