Domingo eu (não) vou mais ao Maracanã.

Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e Membro da Associação Juízes para a democracia.

 

Os gastos com os estádios ultrapassaram 2 bilhões de reais do orçamento previsto. Só o Maracanã, cuja previsão inicial era de 600 milhões, custou para reformar 1,2 bilhão de reais. Todo esse dinheiro que deveria reverter em benefício do povo do Rio de Janeiro, foi entregue a um grupo de empresários que de forma ditatorial proíbe a presença do público tradicional no mais famoso e importante estádio brasileiro.

Os preços exorbitantes cobrados no ingresso e na comida já são causas excludentes. Agora um novo tipo de “cartola” surge proibindo os torcedores de torcer. Vejam, se o charme dos clássicos era a sadia disputa entre as torcidas através de suas músicas provocativas e bandeiras que coloriam e alegravam os espetáculos esportivos, agora o novo ditador me sai com mais essa proibição: “sem bumbos, sem bandeirões e sem tirar a camisa”.

Não satisfeito decreta o fim do atletismo e dos esportes aquáticos, já que pretende, com o aval do governo, que surdo aos gritos das ruas, a derrubada do Célio de Barros e do Júlio Delamare. Onde vão treinar os atletas para as Olimpíadas? Atletas, que atletas? Isso é um detalhe que não interessa para quem está focado apenas em lucros e mais lucros. Com essa visão derrubar uma escola pública como Friedenreich não significa nada.

Cabral ainda não se deu conta da força que tem uma maldição popular. Bastou invadir com sua polícia violenta o Museu do Índio para que o povo batesse á sua porta no Leblon. A maldição para quem destrói escolas é muito pior. E a maldição das torcidas cariocas unidas pode ser capaz de nos livrar dessa ditadura dos empresários e, quem sabe, se não será suficientemente forte para devolver ao povo o nosso Maraca.