Es divino ser diferentes.

Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e membro da Associação Juízes para a democracia.

 

Enquanto o Papa Francisco se prepara para visitar o Rio de Janeiro, eu estou em sua terra natal e fui à missa na Igreja da Recoleta. Ao chegar à Igreja a frase tema da liturgia me chamou logo a atenção pelo fato do Papa ter escolhido esse nome de forma providencial e tenho a convicção que haverá uma grande abertura na Igreja sob seu papado.

A escolha de Francisco, um santo voltado para a simplicidade da natureza e dos homens, que amou e foi amado por homens e mulheres, tem muito a ver com o tema dessa liturgia. O Evangelho de Lucas nos remete as irmãs Marta e Maria que Jesus escolheu para visitar sua casa comum. Enquanto Marta não parava de trabalhar arrumando a casa e a comida para seu convidado especial, Maria, comodamente sentou no chão e ficou ouvindo Jesus.

Essa atitude incomodou a Marta, que embora também amasse a Jesus não parava de trabalhar, a ponto de reclamar com Jesus, que respondeu Marta você esta muito agitada, mas só uma coisa e necessário e Maria escolheu a melhor parte. O padre explicou que Jesus as quer de modo igual, ainda que sejam diferentes. Uns querem tudo igual, inclusive as pessoas, mas essa exigência não vem de Deus, que não faz distinção entre os grupos, culturas, maneira de ser e interpretar as situações. E que fica claro que não se deve distinguir aos que querem seguir ao Senhor à escuta e a pratica de sua Palavra, e sem comparação com os irmãos.

Que bela lição se pode tirar dessa Palavra que combate todas as formas de preconceitos. Ora se essa e a palavra do Evangelho, esta na hora da Igreja abrir as portas para todos os irmãos, independente de sua situação civil, de casados ou divorciados, de sua preferencia sexual ou modo de vida. O Papa Francisco, que na juventude conheceu a paixão, através do amor de uma mulher, e que nomeou recentemente para a direção do Banco do Vaticano um religioso que viveu um romance com o chefe da guarda suíça do Papa, tem a sensibilidade para, conhecendo as paixões humanas, tratar a todos como humanos e candidatos a santos, mas, que como humanos, estamos todos longe de sermos santos.