Cristo e as massas manipuladas.

Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e Membro da Associação Juízes para a Democracia.

 

O perigo da voz das massas é sua manipulação. Nesses tempos de mobilizações sociais coletivas reivindicando cidadania e melhores condições de transportes, saúde e educação é preciso evitar que a massa seja conduzida a desvios que podem macular o movimento. Exemplo disso é a infiltração de pessoas que danificam o patrimônio público e provocam arruaças desnecessárias.

Essa manipulação foi capaz de levar a massa a pedia a crucificação do próprio Cristo, Símbolo maior do Bem e do Amor. Passados esses primeiros momentos mágicos de resistência, outro perigo se apresenta que são os discursos falaciosos direcionados para uma pseudo mudança, mas que são incapazes de abolir a corrupção e a falta de ética na política. Sem cooperação para a solução dos graves assuntos pendentes que ascenderam a chama da revolta e motivaram os protestos.

A falta de compromissos com a verdade e o apego ao discurso enganador causam o mal estar da desconfiança e não leva à responsabilidade de mudança efetiva na busca de atendimento aos anseios populares. Por isso o poder social não pode descansar o Gigante não pode voltar a dormir, enquanto não for restaurada a moralidade na politica e na administração pública em geral.

É preciso estar atento e forte para evitar que o uso de métodos antigos de controle politico através do domínio dos meios tradicionais de comunicação e o fortalecimento do poder militar e os serviços de informação possam calar as vozes das ruas.

Se até bem pouco tempo o horizonte das revoluções atraia ambições e projetos, agora, o horizonte da rebelião se faz presente em cada esquina. A cidadania vota e se rebela ao mesmo tempo e o cidadão comum não pode mais recuar nos espaços ocupados para exigir permanentemente o respeito aos seus direitos de cidadania.