“E que mais aconteceu depois disto, Zé Ninguém? Como delegado de Justiça, ambicioso e mesquinho, desejoso de utilizar a minha reputação de homem perigoso para tua promoção na carreira, denunciaste-me como espião alemão ou russo e conseguiste que a acusação me levasse à prisão. Mas valeu a pena assistir à tua perturbação e vergonha durante o julgamento. Cheguei a ter pena de ti, pobre funcionário público, tão miserável era a tua presença. E os agentes secretos que enviaste à minha casa com mandado de busca de “material de espionagem”, não pereciam particularmente respeitadores da tua pessoa. Encontrei-te mais tarde na pessoa de um pequeno juiz do Bronx, que albergava a frustração de não ter alcançado ainda assento em mais altas esferas. Acusaste-me então de possuir livros de Lenin e de Trotsky na minha biblioteca. Nem sequer sabes para que serve uma biblioteca. Disse-te então que também lá poderias encontrar Hitler, Buda, Jesus Cristo, Napoleão e Casanova. Porque, tal como tentei explicar-te então, a peste emocional deve conhecer-se na sua gênese e em todas as suas formas, o que pareceu surpreender-te.” (Escuta, Zé Ninguém! Wilhelm Reich) http://www.culturabrasil.pro.br/zip/zeninguem.pdf