Cristo, o rosto divino do homem, o rosto humano de Deus.
Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e Membro da Associação Juízes para a democracia.
Impressionante como a Palavra arrasta e arrasa dependendo do contexto e das circunstâncias. Terminado o mês da Bíblia, podemos avaliar como as palavras pronunciadas há mais de dois mil anos são tão atuais e ecoam com tanta profundidade. Recentemente o Crucifixo foi retirado da sede do Tribunal de Justiça, sob o pretexto de ser o Estado leigo, mas concidentemente sucederam-se, sem o seu testemunho “temerosas transações” tais com fraudes em licitações, em concursos públicos em construções superfaturadas, entre outras.
Pode ser razoável a alegação da laicidade do estado, mas temer o testemunho do simbolismo que há no mais injusto dos julgamentos deve também ser levado em conta. O símbolo da Cruz causa arrepios nos ricos que festejam a empáfia e a insensibilidade em face da miséria e sofrimento do povo empobrecido. Uma boa demonstração disso está na reação que tiveram quando viram retratado numa charge um operário pregado numa cruz sendo morto pelas balas assassinas de um policial que mata aquele que deve proteger.
O quadro foi perseguido, mandaram retirar da sala do juiz que foi processado, foi motivo de busca e apreensão e de exílio artístico. Protegido em lugar seguro, eis que inviolável local de trabalho de um desembargador continuou sendo perseguido, até ser salvo por um leiloeiro que lhe dará sentido ao ser leiloado para ressarcir economicamente a família enlutada do operário assassinado.
Triste sociedade que em pleno século XXI tem que conviver com praticas medievais de perseguições a estudantes em razão dos livros que leem e a magistrados em razão dos quadros que exibe em seu local de trabalho. Policiais perseguindo alegres mascarados exigindo um país melhor e matando operários que carecem de proteção e respeito. São as máscaras que usam e mostram o rosto divino do Homem e o rosto humano de Deus.