Amarildo, vítima da violência do Estado.
Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e Membro da Associação Juízes para a Democracia.

Os compositores Fernando Magarça e Bernine, poetas sociais das comunidades do Rio de Janeiro cantam na voz de Zeca Pagodinho que “Se pinta uma “intera”/ É o primeiro a por a mão no bolso./ Se um vizinho ao lado está passando/ Por má situação/Ele faz um mutirão e ajeita a situação”. Como resultado da violência policial a comunidade da Rocinha viu-se atingida pela falta que faz um chefe de família que deixa viúva e seis filhos.
Sensível a o luto dessa família Paula Lavigne e Caetano Veloso abriram as portas de sua casa para um gesto de solidariedade ímpar promover um jantar leilão objetivando fazer uma “intera” para ajeitar a situação. O sucesso da iniciativa despertou a inveja e mexeu com a imobilidade social do crítico economista do Instituto Liberal.
Por não ter aceitado o convite para o jantar estendido a todos os “homens de boa vontade” falou do que não viu condenando a ação dos “artistas e intelectuais” a quem chama de “radicais chiques”, os quais atenderam ao chamado de suas consciências para um gesto que deveria ser comum na humanidade: a solidariedade entre os irmãos de uma mesma cidade.
Critica a necessária publicidade do evento, como se não tivesse gozado de meia página de jornal para despejar seu veneno crítico, mencionando a Sagrada Escritura, a mesma que tornam bem-aventurados “os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”, assim como “os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”. O Evangelho diz ainda que os filhos das trevas são mais espertos que os filhos da luz.
Invejoso, sugere que não viu um único evento beneficente organizado em prol dos policiais mortos em serviço. Trata-se uma boa ideia que deveria ser patrocinada por sei idealizador. Portanto mãos as obras. Mais ação e menos crítica aos que fazem é bem mais eficaz. Pode aproveitar e promover outro jantar para patrocinar a defesa dos policiais torturadores que maculam a imagem de uma corporação secular agredindo cidadãos inocentes, forjando flagrantes a batendo em professores.
A crítica ideológica contida em seu artigo é, na verdade uma contradição com sua proposta liberal já que procura desmerecer a ação de artistas e intelectuais que muito fizeram na reação á violência sofrida pela Nação com a quebra dos princípios democráticos que nos impuseram uma sangrenta ditadura militar.
Finalmente encerro com a lição dos poetas comunitários que a comunidade da Vieira Souto entendeu, mas nem todos tem a mesma sensibilidade: “Então por que essa gente que tem/ Não aprende a lição/ Com essa gente que nada tem/Mas tem bom coração”.